Apesar do gasto milionário com o ex-secretário e atual acessor do Governo, Gustavo Barbosa, Zema propõe uma “recomposição” de 3,62% para os servidores públicos do estado, valor aquém das perdas inflacionárias.
O atual assessor do governador Zema e ex-secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, custou aos cofres mineiros R$ 3,38 milhões durante seu período no Executivo. Enquanto isso, Zema propõe um reajuste salarial de apenas 3,62% para o funcionalismo público mineiro, uma recomposição mentirosa e muito abaixo das perdas dos servidores, que também não tiveram qualquer recomposição em 2023. A disparidade mostra, mais uma vez, a lógica perversa e incoerência de Zema ao chamar os servidores de “casta privilegiada”, enquanto ele e seus assessores se beneficiam de altos salários.
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A informação foi divulgada pelo Jornal Estado de Minas na última quarta-feira (22/04/2024). A reportagem detalha que, entre repasses feitos pelo estado à Caixa Econômica Federal, onde Barbosa é funcionário de carreira, salários como membro do secretariado e jetons por sua atuação no conselho de empresas estatais, a remuneração mensal média do atual assessor do governador foi de R$ 53.184,81 entre 2019 e 2023, conforme verificado no Portal da Transparência do governo estadual. A título de comparação, para acumular o valor que Barbosa ganhou, os professores precisariam trabalhar 106 anos; os técnicos ambientais por 255 anos; os técnicos de saúde por 261 anos e os policiais, 64 anos.
Ainda de acordo com o Portal da Transparência de Minas Gerais, o governo estadual fez repasses de quase R$ 2 milhões à Caixa Econômica Federal para ressarcir o banco pelos pagamentos ao funcionário cedido ao governo Zema. Com uma média mensal de mais de R$ 51 mil, os vencimentos de Barbosa superam os de Zema, cujo salário é de R$ 39,7 mil, que atinge o valor limite para o pagamento de servidores no estado, após o aumento de quase 300% aprovado em abril de 2023.
Barbosa foi a figura central do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), uma política de destruição dos serviços públicos, defendida pelo governo Zema como solução para o endividamento do Estado. Na prática, a medida, que incluía reajustes salariais aos servidores de apenas duas parcelas de 3%, foi um ataque direto aos servidores e à população mineira. A tramitação do RRF foi suspensa em 2023 após a resistência do Bloco Democracia e Luta e da Frente em Defesa dos Serviços Públicos.
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Barbosa deixou a secretaria de Estado de Fazenda em fevereiro de 2024, mas continuou no governo como assessor para assuntos estratégicos de Zema e do vice-governador Mateus Simões (Novo).
Aos “amigos”, tudo! Aos servidores, nada!
A oposição criticou duramente a quantia gasta com o ex-secretário da Fazenda, enquanto servidores da educação, saúde e segurança lutam por condições dignas de trabalho. Os deputados do Bloco Democracia e Luta se posicionaram nas redes sociais destacando a incoerência do governo Zema.
O deputado estadual do Bloco e líder da Minoria, Doutor Jean Freire (PT), pontuou a demagogia praticada pelo governador que, durante a campanha, afirmava que os servidores trabalhariam de maneira voluntária. “É o governo da hipocrisia! No período de campanha, dizia que nem ele nem seus secretários receberiam salários, seriam “voluntários”. Depois de eleito, vemos bem qual é o tipo de voluntariado sobre o qual ele falava!”, destacou.
O parlamentar Leleco Pimentel (PT) também se posicionou durante reunião no plenário, destacando que o gasto milionário com o ex-secretário da fazenda representa uma farra de privilégios e corrupção. “A política é para servir o povo, não para encher os bolsos de poucos!”, escreveu.