Trabalhadores da rede estadual de educação e eletricitários estão com as atividades paralisadas por direitos trabalhistas e contra medidas do governador Romeu Zema (Novo). No caso dos empregados da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a greve começou na segunda-feira (20) e segue por tempo indeterminado. A mobilização reivindica um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) justo para a categoria. Já os trabalhadores em educação iniciaram um movimento grevista nessa terça-feira (21). A paralisação tem previsão de durar 48 horas.
O coordenador-geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética (Sindieletro), Emerson Andrada, explica que o processo de negociação com a empresa, durante o governo de Romeu Zema, tem sido complicado e, além de não atender às pautas dos trabalhadores, a Cemig propõe um conjunto de retirada de direitos.
Emerson cita que, entre as propostas da empresa, está a redução do plano de saúde e a restrição do pagamento salarial e da estabilidade dos dirigentes sindicais que ainda atuam na Cemig.
“O que a empresa apresenta é um grande ataque aos direitos e conquistas da categoria eletricitária ocorridas ao longo dos últimos 72 anos. Por exemplo, a direção da empresa pretende trazer para o ACT propostas que ajudem a mitigar o enorme passivo trabalhista que a empresa possui, que é ocasionado pela violação constante dos direitos trabalhistas”, relata o coordenador-geral do Sindieletro.
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Privatização antecipada
Na avaliação do sindicalista, essa prática também se expressa em outras empresas geridas pelo governo de Minas Gerais, como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Emerson ainda acredita que esse processo faz parte da “antecipação da privatização” das empresas. Recentemente, Romeu Zema enviou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estadual, que busca retirar a obrigatoriedade de realização de um referendo popular para vender as empresas estatais mineiras.
“As estatais passam pelo mesmo drama de terem que conviver com uma gestão que tem um viés ultraliberal e que trata o trabalhador como se fosse apenas uma ferramenta para aumentar a lucratividade. O governador vai passo a passo preparando a Cemig para a privatização, mesmo sem autorização da Assembleia Legislativa”, avalia Emerson.
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Greve de 48 horas contra o RRF
Os trabalhadores em educação de Minas Gerais também iniciaram um movimento grevista nessa terça-feira (21). A paralisação tem previsão de durar 48 horas e denuncia as tentativas do governador de implementar no estado o Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
No dia 14 de novembro, a educação já havia paralisado suas atividades pela segunda vez, apenas neste mês. Uma semana antes, outras categorias, que participam da Frente Mineira em Defesa dos Serviços Públicos, composta por 26 sindicatos, realizaram uma greve geral e um ato, que reuniu mais de 5 mil manifestantes na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), avalia que o RRF, além de congelar os salários dos servidores por nove anos, significará o desmonte dos serviços públicos, impactando, entre outras coisas, no direito de a população acessar educação pública de qualidade.
“Estamos vivendo um momento crítico para a educação pública em Minas Gerais. O governo estadual quer impor o Regime de Recuperação Fiscal, que significa um arrocho salarial sem precedentes, ataques aos nossos direitos e mais desmonte do serviço público, em troca de um alívio temporário da dívida pública”, disse o sindicato, em nota.
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