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Discurso de ódio e violência nas escolas, faces de uma mesma moeda

ato escolas
Ato contra violência e armas nas escolas – Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Frente aos tristes acontecimentos que envolvem atentados à vida de professores, servidores, estudantes e crianças dentro das escolas brasileiras e a insegurança que a situação gera, aparecem sempre alguns oportunistas, em geral políticos de direita, defendendo a urgência da implantação de segurança armada nas escolas ou no entorno delas.

Alguns mais extremistas, à beira da sandice, chegam a propor o armamento da comunidade escolar, alunos inclusos.

Escolas necessitam de equipamentos de esportes, internet, psicólogos, assistentes sociais, artistas

Alguns mais extremistas, à beira da sandice, chegam a propor o armamento da comunidade escolar, alunos inclusos.

A solução aparentemente simples para um problema tão complexo pode até convencer a uma maioria momentaneamente assustada, mas, uma vez avaliada criteriosamente, ela mostra rapidamente toda sua fragilidade, senão a sua periculosidade.

Uma vez instituída a presença de segurança armada na escola, qualquer pessoa que planeje ações desse tipo passará a considerar a existência dessa segurança em seus planos. Se isso implicará na diminuição dos atentados, não é certo.

Também não é certo se será eficiente no caso de alguma ocorrência, uma vez que uma troca de tiros no interior de uma escola pode provocar pesadelos ainda maiores. Dito isso, creio que é possível imaginar o cenário em uma escola com a comunidade escolar toda armada.

Propaganda da violência

O fato é que, esses mesmos políticos que demagogicamente defendem a urgência dessas medidas de segurança, são os mesmos que aparecem na internet mostrando armamentos pesados e se posicionam a favor do armamento da sociedade.

A serviço dos interesses da indústria bélica e não de enfrentar o problema real, em suas múltiplas dimensões e causas.

Obviamente que não podemos esperar resolver todo tipo de mazela social que gera esse tipo de comportamento violento para defendermos nossas crianças e jovens, hoje ameaçados nas escolas públicas e privadas.

Redes sociais e discursos de ódio

Entretanto, salta aos olhos as informações do papel das redes socias na disseminação de discurso de ódio, bem como, por meio dessas redes, as células neonazistas vêm se propagando e crescendo rapidamente e, junto com elas, a violência contra as comunidades escolares.

Sintomático que os últimos ataques tenham acontecido com armas brancas e não as de fogo, como vinham acontecendo a maioria desses atentados. É como se, de algum modo, esses grupos quisessem dizer ao governo que adotou medidas contra a liberação geral das armas de fogo: – nós estamos aqui. Não precisamos de revólveres para existir e nem para agir.

E, quando falamos que é preciso regulamentar as redes sociais, que o anonimato, e o uso de perfis falsos, por exemplo, devem ser proibidos, os mesmos defensores de armar toda a sociedade, acusam-nos de censura, em atitude de autoproteção. E destilam desinformação e ódio nas redes sociais, e são os mesmos que se locupletam de ideias nazistas e financiam as suas células.

s redes sociais precisam ser regulamentadas, as pessoas devem ser responsabilizadas pelos conteúdos que postam e replicam em suas redes e os governos devem usar de inteligência para controlar a situação.

Quanto as escolas, elas necessitam de equipamentos de esportes, internet, psicólogos, assistentes sociais, artistas, investimento nos professores e muitas outras coisas mais necessárias e urgentes que a polícia ou segurança armada.

Dimas Antonio de Souza é professor de Ciência Política do Instituto de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Twitter: prof_Dimassouza  /  Instagram: @prof.dimasoficial

Fonte: Brasil de Fato

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