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Zema ignora reunião de segurança do governo federal enquanto Minas Gerais sofre com aumento da violência

Zema ignora reunião de segurança do governo federal enquanto Minas Gerais sofre com aumento da violência
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Enquanto governadores e autoridades se reuniam no Palácio do Planalto no dia 31 de outubro para debater a crise da segurança pública, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ignorou o convite. Em um momento em que Minas enfrenta uma grave escalada de violência, com índices alarmantes de homicídios, feminicídios e violência, a ausência do governador na reunião é um sinal de descompromisso com o problema. O encontro, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visava a construção de um pacto federativo para enfrentar o crime organizado.

Durante o encontro, o presidente apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, elaborada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A medida busca conferir status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), visando uma maior integração das forças de segurança em todo o país. Lula enfatizou que o combate ao crime organizado exige um pacto entre os estados e a União, com uma sistematização eficiente de informações para evitar que criminosos usem as fronteiras estaduais como refúgio.

“A segurança pública hoje envolve organizações poderosas e internacionalizadas. Não podemos permitir que criminosos se desloquem entre os estados sem controle adequado,” disse o presidente. “Para enfrentar isso, precisamos de um pacto federativo que envolva todos os poderes e instituições do país.”

Escalada de violência e descaso em Minas Gerais

Enquanto isso, Minas Gerais enfrenta uma grave crise na segurança pública. Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) revelam um aumento expressivo nos índices de criminalidade em 2024. Nos primeiros quatro meses do ano, o número de homicídios no estado já alcançou 56,3% do total de 2023, com crescimento de 67,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Feminicídios também estão em alta: de janeiro a maio, foram registrados 169 casos, um aumento de 24,2% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Além disso, o estado enfrenta problemas de superlotação nas prisões, falta de efetivo e uma notável insatisfação dos servidores da segurança pública. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a população carcerária de Minas já ultrapassa em 44% a capacidade das unidades prisionais, e denúncias de violações de direitos humanos nas prisões, como tortura e falta de assistência à saúde, têm aumentado. A Secretaria de Justiça relata ainda que as condições precárias e a falta de estrutura nas delegacias e quartéis se agravaram, comprometendo a capacidade de resposta das forças de segurança.

Desmonte da segurança pública e crise no efetivo

A gestão de Zema também enfrenta problemas com os servidores da segurança pública, que têm realizado manifestações contra o descumprimento de acordos salariais. Apesar de compromissos registrados em seu plano de governo, o governador tem adotado reajustes considerados insuficientes para cobrir as perdas inflacionárias. Isso motivou os servidores a adotar uma “estrita legalidade” em suas funções, um movimento de protesto no qual operam apenas o que está estabelecido por lei, afetando ainda mais a segurança no estado.

A falta de efetivo policial é uma questão grave. Em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi constatado que o contingente da Polícia Militar caiu de 45 mil para 37 mil e da Polícia Civil de 17 mil para 10,5 mil. Com viaturas paradas por falta de pessoal e equipamentos escassos, os servidores enfrentam dificuldade no combate à criminalidade, especialmente em áreas como o tráfico de drogas.

Conflito com facções e pressão sobre as forças de segurança

Outro ponto de alerta é o aumento da presença de facções criminosas em Minas Gerais, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que já possui cerca de 4 mil membros atuando no estado. A situação, somada à precariedade das unidades prisionais, coloca a segurança pública mineira em risco. Minas Gerais é o segundo estado com mais membros do PCC, e a expansão de facções como o Terceiro Comando Puro (TCP) em Belo Horizonte gera receios de confrontos com outras organizações criminosas.

Com um cenário de crise e a falta de participação nas iniciativas de segurança pública nacional, Zema continua inerte frente à situação. Em vez de buscar cooperação com a União e demais estados, o governador tem priorizado políticas voltadas ao setor empresarial, mostrando o descaso de sua gestão com a população mineira, que se vê desprotegida e à mercê de uma crescente onda de violência.

Crescimento de casos de violência contra grupos vulneráveis

A violência contra mulheres e idosos também preocupa. Minas Gerais foi o segundo estado com mais feminicídios em 2023, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e as ocorrências de violência contra idosos aumentaram 26% nos primeiros quatro meses de 2024 em comparação a três anos atrás.

A ausência de Zema na reunião do Planalto torna ainda mais evidente o distanciamento de Minas Gerais das discussões sobre segurança pública no país, agravando uma crise que atinge toda a população do estado.

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