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Você ficaria 15 dias sem água?

Desabastecimento na RMBH e precarização da Copasa
Por: Bella Gonçalves (Psol)
Bella Gonçalves fala sobre desabastecimento de água em Belo Horizonte e o objetivo de de Romeu Zema de privatizar a Copasa.
Foto: Ilustração/O Tempo

Famílias sem água para beber, aulas canceladas nas escolas, presídios e hospitais vivendo dias de desespero. Essas cenas aconteceram durante a onda de calor que afetou Belo Horizonte e a região metropolitana, em comunidades como Izidora, Pantanal, em Contagem, Liberdade e Vale do Jatobá, no Barreiro, entre outras; além de instituições que viveram uma grave situação de falta de água. Algumas famílias relatam que ficaram 15 dias sem água, enquanto a Copasa agia de forma completamente ineficaz. Sabemos que a companhia teria condições para contornar o previsível aumento da demanda por água, mas o que faltou foi compromisso com a população.

A opção foi cruzar os braços, em situação semelhante ao que aconteceu no Rio de Janeiro às vésperas da privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae). Vale lembrar que a falta de água em bairros fluminenses, meses antes da privatização, efetivada em 2021, foi importante para colocar a população contra a Cedae e possibilitar sua venda. Ora, deixar a população mineira sem água pode ter sido intencional, já que não é segredo que o governador Romeu Zema quer privatizar a Copasa a qualquer custo.

Leia mais: Zema quer privatização do abastecimento de água e luz e fim da participação popular

Digo isso porque participamos de uma reunião, por meio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, com representantes da Copasa, na qual ficou nítido que havia um plano de contingenciamento para casos de aumento de demanda, inclusive prevendo rodízio entre regiões centrais e periféricas para que não faltasse água em nenhum local; mas esse plano foi negligenciado. Ou seja, a Copasa sabia que faltaria água, e não fez nada para impedir.

Nessa situação específica, os reservatórios estavam com mais de 70% da sua capacidade de abastecimento, o que significa que o problema não foi a falta de água na captação, mas a distribuição. Além disso, havia apenas 42 caminhões-pipa para atender a demanda de toda a região metropolitana de Belo Horizonte.

No entanto, culpar a estatal e criar um discurso contra a Copasa é interessante para o plano de Zema. Devemos lembrar que a responsabilidade pela falta de água é do governador, é da direção indicada pelo governador e, nesse caso, é também do prefeito de Belo Horizonte, que foi conivente com a situação.

Precisamos da Copasa 100% pública. Enquanto a população suportava temperaturas de mais de 37°C e fazia vaquinha para ter água, os acionistas da Copasa recebiam R$ 372 milhões de dividendos.

Se enfrentamos essas situações, a privatização da Copasa, como deseja Zema, apenas aumentaria as violações de acesso a água. O caminho é lutar por uma Copasa 100% pública e pela garantia de abastecimento em todas as localidades, não só nos bairros de classe alta.

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Neste sentido, entramos com um Projeto de Lei para garantir caminhões-pipa, distribuição de garrafas e copos d’água nas periferias e para a população em situação de rua. O projeto também prevê o acionamento do sistema de contingenciamento para que não falte água nas periferias, além da construção de reservatórios e mais investimentos na infraestrutura e tecnologia da Copasa. 

Tomamos, também, outras medidas, como pedido de visita técnica e convocação do presidente da Copasa para esclarecimentos na Assembleia.

Se hoje a Copasa distribui e trata a água de 75% dos municípios mineiros, caso seja privatizada, esse percentual certamente vai reduzir de forma drástica, já que uma empresa orientada apenas pelo lucro não terá interesse em fornecer água para periferias e interior.

Zema tenta precarizar as estatais mineiras e colocar a opinião pública contra elas, mas o que precisamos é justamente do oposto. Precisamos de investimentos e da defesa da Copasa, por uma companhia que garanta água em todas as localidades. Água é direito fundamental, não mercadoria!

O Tempo | 30/11/23

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