Deputado Leleco Pimentel assume comissão interestadual que acompanha a reparação da tragédia de Mariana; Deputado Celinho Sintrocel é o novo coordenador em Minas Geras

A Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce (Cipe Rio Doce) definiu na quinta-feira (5/6) sua nova presidência para o biênio 2025-2027. O deputado Leleco Pimentel (PT) assume o comando da comissão, enquanto a deputada capixaba Janete de Sá (PSB-ES) foi eleita vice-presidente. A coordenação dos trabalhos em Minas ficou com o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB). Ambos fazem parte do Bloco Democracia e Luta.
Criada em 1999, a comissão tem como missão promover a recuperação ambiental e o desenvolvimento sustentável da bacia, severamente impactada pela maior tragédia/crime socioambiental da história do Brasil: o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, que em 2015 matou 19 pessoas e lançou milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério sobre cidades e o Rio Doce. Desde então, a atuação da Cipe Rio Doce concentra-se, em especial, no acompanhamento dos acordos de reparação.
Minas Gerais segue na penumbra
Em Minas, passados quase dez anos, a postura do governo Zema continua marcada pela omissão e pelo distanciamento da sociedade. Essa ausência de informação e participação social direta coloca em xeque a governança da reparação e reforça a necessidade de uma atuação incisiva da Assembleia Legislativa para romper esse ciclo de silêncio e omissão.
Durante a reunião, Leleco Pimentel destacou que o maior desafio da comissão é romper a falta de transparência e a ausência de Minas Gerais nas discussões mais estratégicas sobre o destino dos recursos e das obras de reparação. Segundo o parlamentar, enquanto no Espírito Santo projetos estruturantes e obras como a duplicação da BR-262 já foram anunciados, no lado mineiro os R$ 29 bilhões previstos para o estado seguem sem explicações por parte do governador Romeu Zema.
“O Governo Federal apresentou um projeto de governança e instaurou o Conselho Federativo. No Espírito Santo, até obras como a duplicação da BR-262 na divisa com Minas Gerais e a governança foi apresentada. Já em Minas Gerais, com 29 bilhões, o governador Zema não deu uma satisfação à sociedade. Então, a responsabilidade desta Assembleia Legislativa e desta presidência que assumo é trazer para a transparência esta penumbra que, infelizmente, o governo de Minas mantém em relação aos recursos.”

Deputado Estadual Leleco Pimentel (PT)
O deputado Celinho Sintrocel destacou a importância do trabalho dessa comissão para a proteção do meio ambiente:
“Nós sabemos tudo o que foi de ruim em função da tragédia e que foi impactado de maneira negativa na bacia do Rio Doce. Agora, a gente tem que acompanhar todos os desdobramentos da repactuação do acordo de Mariana para que possamos ver os recursos serem aplicados por parte da Samarco no sentido do saneamento e da recuperação da bacia”.

Deputado Estadual Celinho Sintrocel (PCdoB)
É necessário protagonismo popular!
Segundo os parlamentares mineiros, a Cipe Rio Doce tem uma importante função pública e vai atuar para ampliar a participação dos atingidos e dos movimentos sociais nas decisões sobre os acordos e os investimentos. O desafio do novo comando da comissão interestadual é garantir que seja um espaço para dar voz à população. Quase dez anos depois da tragédia/crime, a reparação precisa sair do papel e priorizar quem mais sofreu os impactos.
A deputada Janete de Sá, lembrou dessa importância: “É preciso um esforço concentrado para fazer com que Samarco possa ouvir atingidos e que a população que sofreu todo esse impacto seja contemplada com ressarcimento do prejuízo.”
Nova composição da Cipe Rio Doce
Além de Leleco Pimentel, o deputado Celinho Sintrocel assume, respectivamente, a coordenação dos trabalhos em Minas Gerais. A comissão é formada por dez parlamentares, cinco de cada assembleia legislativa, e continuará com foco no acompanhamento dos acordos e na defesa do desenvolvimento sustentável da bacia, que abrange 228 municípios e mais de 3,5 milhões de habitantes.
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