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Trabalhadores denunciam retirada de direitos e assédio moral na Cemig: presidente da empresa é convocado

Convocação foi feita por deputados da oposição; Audiência deve ocorrer em março, em reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da ALMG

Oposição convoca presidente da Cemig para explicar reajuste em plano de saúde e denúncias de assédio
Trabalhadores da Cemig lotaram auditório da Assembleia – Foto: Willian Dias

Denúncias de perseguição no trabalho e mudanças na contribuição para o plano de saúde dos servidores da ativa e de aposentados da Cemig têm motivado os trabalhadores da companhia energética a irem às ruas para protestar contra a gestão do governador Romeu Zema (Novo). Se aprovada, a medida irá onerar os trabalhadores em mais de 200%, principalmente idosos que representam mais da metade dos titulares do plano.

Sob ameaça de ficarem sem assistência médica, os funcionários realizaram, na quinta-feira (20/02), manifestação em frente à sede da Cemig e, na sequência, participaram de audiência pública solicitada pelo deputado estadual Betão (PT), presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Sem nenhum tipo de negociação, a proposta apresentada pela direção executiva da Cemig Saúde prevê um aumento de 60,5% na tabela de contribuição dos beneficiários e dependentes especiais e reajuste de 6,54% na contribuição das patrocinadoras. A proposta ainda altera o Regulamento do Prosaúde Integrado (PSI) da Cemig, excluindo a contribuição das patrocinadoras e determinando que o valor R$ 1.045,98 seja pago pelos beneficiários. Com o reajuste proposto, os funcionários serão forçados a migrar para um plano mais caro e com menos benefícios ou, até mesmo, ficar sem assistência médica.

Além do aumento abusivo do plano, os trabalhadores também denunciaram casos de assédio, sobrecarga na jornada de trabalho, perseguição a lideranças sindicais, entre outros ataques que vem sofrendo da direção da estatal.

Oposição convoca presidente para dar explicações

A partir dos relatos, os deputados do Bloco Democracia e Luta – Betão, Beatriz Cerqueira (PT) e Leleco Pimentel (PT) – aprovaram a convocação do presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi Filho, e do diretor-presidente da Cemig Saúde, Anderson Ferreira, para prestarem esclarecimentos. A audiência deve ocorrer em março, em reunião da Comissão do Trabalho. Caso o dirigente da estatal não compareça sem apresentar uma justificativa devida, incorrerá em crime de responsabilidade.

“É o fim, praticamente, do plano de saúde dos trabalhadores e aposentados da Cemig, e um aumento exorbitante nos valores. Para se ter uma ideia, um casal hoje que paga R$ 790 pelo plano de saúde, passaria a pagar quase R$ 3 mil para poder ter direito a esse plano de saúde. Então é um ataque, é mais um ataque aos trabalhadores da Cemig. São trabalhadores que dão duro para a gente poder manter a energia aqui no estado de Minas Gerais, que não mereciam isso”, disse Betão à Rádio Itatiaia. O deputado ainda afirmou que o assédio contra sindicalistas é reflexo do ataque e do desmantelamento das estatais por parte do governo Zema.

A deputada Beatriz Cerqueira classificou a situação como gravíssima, principalmente, por afetar aposentados idosos que dedicaram sua vida ao trabalho na Cemig. “São quase 1.500 idosos com mais de 80 anos que terão esse aumento nas suas despesas de um mês para o outro”.

O deputado Leleco Pimentel conclamou os trabalhadores a continuaram na luta pela manutenção da Cemig. Ele destacou que os funcionários penalizados com a proposta são os responsáveis por manter a Cemig de pé e ainda criticou o projeto do governador Zema de vender a estatal a preço de banana.

Sindicatos criticam reajuste

Nas redes sociais, o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro) disse que “o objetivo da gestão Zema é dar xeque-mate na esperança dos milhares de eletricitários que contavam com assistência digna à saúde após uma vida inteira de dedicação à Cemig”.

O coordenador-geral do Sindicato, Emerson Andrada, explicou que a estatal criou a Forluz, que cuida da questão previdenciária e a Cemig Saúde, e que as duas instâncias têm sido atacadas sistematicamente pelo governador como parte do seu plano de privatização.

O secretário-geral do Sindieletro, Jefferson Leandro Teixeira, também vê na precarização do plano de saúde uma intenção maior para a privatização da empresa.

Leia mais: Cemig: a lógica de Zema é sucatear para privatizar!

Segundo a 1ª secretária do Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG), Maria Helena Barbosa, a Cemig tem valor de mercado de R$ 28 bilhões, sendo que, em 2023, seu lucro somou quase R$ 6 bilhões, além de contar com uma rede de distribuição que abrange mais de 700 cidades do estado.

Diante dos números, a diretora defendeu que o Estado não deve abrir mão da empresa e criticou o governo estadual por desqualificar a Cemig e seus trabalhadores, além de romper com valores como saúde e segurança no trabalho e prestação de um serviço de qualidade.

Leia mais: Zema quer privatização da Cemig e da Copasa e fim da participação popular

Matéria elaborada com informações da ALMG, Rádio Itatiaia e O Fator

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