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Servidores da saúde denunciam precariedade e sucateamento do Hospital da Previdência

Relatório feito pelo Conselho Regional de Enfermeiros de Minas Gerais (Coren-MG), reúne relatos das condições de trabalho precárias no hospital e foi apresentado durante audiência.

Servidores da saúde denunciam precariedade e sucateamento do atendimento do Hospital da Previdência
Foto: Daniel Protzner / ALMG

Déficit de pessoal, demora no atendimento, superlotação e leitos fechados. Esse é o atual cenário do Hospital Governador Israel Pinheiro, conhecido como Hospital da Previdência, apresentado por representantes do Conselho Regional de Enfermeiros de Minas Gerais (Coren-MG) e por servidores da instituição. O quadro, que leva à sobrecarga de trabalho e ao adoecimento dos profissionais, foi denunciado durante audiência pública da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na segunda-feira (6/5/24), resultado de requerimento da deputada estadual do Bloco Democracia e Luta, Beatriz Cerqueira (PT)

O hospital é gerido pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), e a reunião teve como objetivo sensibilizar as autoridades quanto à necessidade de contratar profissionais de enfermagem para atuar na unidade e em outras da rede Ipsemg e de melhorar as condições de trabalho. 

Para responder às denúncias e questionamentos do Coren-MG e dos profissionais, esteve presente na audiência André Luiz dos Anjos, presidente do Ipsemg. No entanto, a parlamentar autora do requerimento questionou a falta de participação dos representantes do Governo Zema, que vem sendo alertado para a falta de investimentos no Instituto e que coloca os hospitais em situação de calamidade, gera sobrecarga dos profissionais e agride a dignidade dos servidores que dedicaram e dedicam parte da vida ao Estado. 

“Na próxima audiência em que as secretarias de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e de Governo (Segov) não comparecerem, vou apresentar convocação. Porque quando relatos são feitos com questões gravíssimas e apresentados em audiência pública sem que as secretarias estejam presentes é uma tentativa de desresponsabilização. É de propósito a ausência para que fique restrito à gestão do Instituto, como se fosse a única responsável.”

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A deputada lembrou ainda que defende junto ao governo um plano de carreira decente para os servidores do Ipsemg, mas o Estado age na contramão, apostando em um projeto de privatização de saúde, por meio das contratações de pessoa jurídica. “A terceirização irrestrita vai precarizar ainda mais o vínculo trabalhista, gerando adoecimento dos profissionais”, alertou.

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Profissionais denunciam cenário de guerra no hospital 

Símbolo de excelência no atendimento nas décadas de 1960 e 1970, o Ipsemg vem sendo sucateado diante do descaso do governo de Minas. Dos 6 mil funcionários que trabalhavam na rede em toda Minas Gerais, atualmente, são pouco menos de 2100 trabalhadores para todo o Estado. Profissionais da enfermagem, como Maria do Socorro Pacheco, vice-presidente do Coren-MG, e Carolina Calixto Rodrigues, enfermeira fiscal do conselho, denunciam sobrecarga, falta de segurança e qualidade no Hospital da Providência, com fechamento de leitos e condições desumanas.

“Temos um risco grande na prestação dos serviços de urgência; a condição não é digna para os pacientes e muito menos para os profissionais, contratados ou efetivos”.

Maria Socorro do Pacheco, vice-presidente do Coren-MG

Na avaliação dela, a precariedade do estabelecimento leva à maior ocorrência de erros por parte dos profissionais. Também questionou a permanência de 120 leitos fechados numa estrutura com alto custo. Avaliou a nomeação de aprovados no último concurso como muito aquém da necessidade do hospital. “Estamos à disposição para ajudar no trabalho de reestruturação do atendimento, para não termos que denunciar à mídia e adotar medidas judiciais para a interdição”, ameaçou. 

Já Carolina Calixto, pintou “um cenário de guerra”, para a situação enfrentada no hospital. Segundo ela, houve fechamento de 35% dos leitos e os profissionais estão pedindo socorro, por não darem conta de tantos atendimentos. 

Geisa Campos, chefe do setor jurídico do Departamento de Fiscalização do Coren, entregou à deputada Beatriz Cerqueira (PT), o documento do conselho com as denúncias apresentadas por servidores. “Recebi as informações com perplexidade, não só pela situação dos pacientes, mas também dos profissionais, que se submetem a condições desumanas”, afirmou a parlamentar. 

Antonieta de Faria, presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, (Sisipsemg), e Maria Abadia de Souza, ex-presidente do Sisipsemg, destacaram a diminuição drástica de profissionais ao longo dos anos e exigiram melhorias salariais e de condições laborais, rejeitando a privatização. 

O técnico de enfermagem do Hospital da Previdência, Elzo Vital, também fez denúncias a respeito da precariedade do estabelecimento e das péssimas condições de trabalho. Relatou que debaixo de uma escada, ficam 3 ou 4 pacientes, às vezes por semanas, esperando a liberação de leitos.

Muitos deles são idosos, que apresentam risco maior de complicações que podem levar à morte. “Tivemos uma paciente com cólica renal que ficou esquecida debaixo da escada, esperando de 8 horas de um dia até as 3 horas da manhã do outro! O SMU é um pronto atendimento de emergência, mas virou um açougue!”, criticou.

“Tem pacientes que ficam no corredor, quatro dias sem tomar banho”, registrou. Por fim, concluiu que várias vezes, estão apenas ele e mais outro técnico para atender entre 40 e 50 pacientes. 

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*Matéria elaborada com informações da ALMG

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