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Segurança de barragens: deputada questiona Semad sobre conflito de interesses na contratação de consultorias

Questão foi levantada pela deputada da Oposição, Beatriz Cerqueira, durante reunião da prestação de contas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad)

Deputada questiona Semad sobre conflito de interesses na contratação de consultorias e segurança de barragens
Foto: Guilherme Dardanhan

Um conflito de interesses envolvendo o uso de consultorias privadas de barragens em projetos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foi abordado na reunião de prestação de contas da pasta, realizada na manhã de quinta-feira (20/6/24), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A questão foi levantada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), do Bloco Democracia e Luta.

A reunião, organizada pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável com a participação de outras comissões, faz parte do Assembleia Fiscaliza, uma iniciativa da ALMG para monitorar a execução de políticas públicas em Minas Gerais.

Durante a sessão, a parlamentar destacou que quatro consultorias privadas atuantes na área de regularização ambiental são financiadas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e têm seus serviços doados à secretaria. O grande problema é que essas consultorias também prestam serviços para mineradoras, sendo que uma delas atuou na defesa da Vale após o rompimento da barragem em Brumadinho. Assim, as consultorias teriam acesso a informações privilegiadas sobre o licenciamento ambiental no Estado, enquanto atuam em favor das empresas de mineração.

Representando a pasta, a secretária de Meio Ambiente, Marília Melo, argumentou que a contratação dessas empresas foi necessária devido à complexidade da legislação, composta por 853 normas infralegais e  40 atos, e à insuficiência de servidores na Semad. Ela também ressaltou que a situação fiscal do estado não permite a realização de concursos públicos para ampliar o corpo técnico.

Apesar das explicações da secretária sobre o processo para a contratação de empresas privadas, Beatriz Cerqueira afirmou que a questão do conflito de interesses não foi resolvida. 

“Não sou contra o processo de otimização, isso não está em questão. O que está em questão é que a mesma consultoria com acesso a dados privilegiados da secretaria e com decisões acerca dos formatos de novos licenciamentos presta serviço simultaneamente às mineradoras. Não é possível não enxergar o conflito de interesses.”

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Deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT)

A deputada disse, ainda, que o governo “faz termo de ajustamento de conduta para tudo” e deveria também seguir esse caminho, se necessário, para a realização de concursos públicos. Em sua opinião, é imprescindível fortalecer a equipe técnica da Semad para garantir a devida fiscalização ambiental.

Segurança das barragens também foi questionada

Beatriz Cerqueira também levantou questões sobre a segurança das barragens das mineradoras, especialmente frente a eventos climáticos extremos. As chuvas intensas dos últimos anos suscitam dúvidas sobre a capacidade dessas estruturas de suportar tais condições.

Esse tema já havia sido discutido em uma audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG realizada em maio. Na ocasião, constatou-se que os principais riscos para a segurança dos cidadãos mineiros em eventos climáticos extremos incluem o grande número de barragens em situação de risco e o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização ambiental, uma prática recorrente no governo Zema.

Embora a Lei 23.291 de 2019, conhecida como Lei Mar de Lama Nunca Mais, que determina a Política Estadual de Segurança de Barragens, esteja regulamentada, a secretária Marília Melo afirmou que, das 54 barragens construídas com alteamento a montante — o mesmo tipo que se rompeu em Mariana em 2015 e em Brumadinho em 2019 —, apenas 18 foram descomissionadas. 

Beatriz Cerqueira lembrou que a legislação exigia o descomissionamento de todas essas barragens até fevereiro de 2022. Na época, um termo de ajustamento de conduta coletivo foi assinado porque a maioria das mineradoras não cumpriu o prazo estipulado. “O termo virou um esquema para legitimar o que a lei proibia”, disse a deputada, reforçando que ainda não há segurança suficiente em Minas Gerais no que diz respeito às barragens.

Durante a audiência, também foram discutidos temas como o monitoramento de barragens de mineradoras, o manejo de resíduos sólidos e a gestão do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro).

*Matéria elaborada com informações da ALMG

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