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Colapso na saúde pública de Minas é resultado de projeto político

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Por Deputado Estadual Doutor Jean Freire – 15 de maio de 2025 | Brasil de Fato MG

Colapso na saúde pública de Minas é resultado de projeto político
Os hospitais públicos do estado enfrentam um cenário alarmante. O Hospital Júlia Kubitschek, por exemplo, referência no cuidado de doenças respiratórias graves, tem mais de 100 leitos parados. No Maria Amélia Lins (HMAL), que está com o centro cirúrgico fechado há quatro meses, mais de 1.500 cirurgias foram canceladas. – Foto: Alexandre Netto/ALMG

O colapso na saúde pública de Minas Gerais não é fruto do acaso. É, infelizmente, a consequência de um projeto político claro: enfraquecer o Sistema Único de Saúde (SUS) em nome de uma agenda privatista, excludente e ineficaz, que atinge, inclusive, outros serviços públicos.

Os hospitais públicos do estado enfrentam um cenário alarmante. O Hospital Júlia Kubitschek, por exemplo, referência no cuidado de doenças respiratórias graves, tem mais de 100 leitos parados. No Maria Amélia Lins (HMAL), que está com o centro cirúrgico fechado há quatro meses, mais de 1.500 cirurgias foram canceladas. No dia 1º de maio, uma decisão judicial determinou a abertura da unidade em até 15 dias. Nada ainda foi feito.

A situação fez com que mais de 200 procedimentos mensais do HMAL fossem redirecionados para o Hospital João XXIII, que já operava no limite de sua capacidade. A situação foi exacerbada pelo aumento de doenças respiratórias, que elevou ainda mais a demanda por atendimentos de urgência. O hospital chegou a acionar o Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH), indicando que a ocupação atingiu níveis críticos.

Trabalhadores no limite: sem piso, sem reajuste e sem resposta

Além do abandono das estruturas, os profissionais da saúde em Minas convivem com desvalorização e sobrecarga. Os da enfermagem, por exemplo, ainda não recebem o piso nacional garantido pela Lei Federal nº 14.434/2022. O governo estadual alega atrasos nos repasses federais, mas o Ministério da Saúde afirma que os pagamentos têm sido feitos regularmente. Enquanto isso, enfermeiros, técnicos e auxiliares seguem atuando em jornadas exaustivas, sem remuneração justa e sem o reconhecimento que merecem.

No dia 9 de maio, trabalhadores da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) protestaram em frente ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Entre as reivindicações estão o reajuste salarial, a contratação de mais profissionais e investimentos urgentes na rede pública. Eles também denunciaram a sobrecarga nos hospitais e o abandono da saúde pelo governo Zema. Sem resposta até agora, a categoria já cogita entrar em greve geral.

Privatização como projeto

Mesmo diante desse colapso, o governo Zema aposta em um plano de privatização. Quer fechar hospitais históricos, como o João Paulo II, a Maternidade Odete Valadares, o Hospital Alberto Cavalcanti e o Eduardo de Menezes, para transferir os serviços a um novo complexo hospitalar, que será gerido por entes privados.

A proposta do governo é criar uma fundação estatal de direito privado para atuar na área da saúde, com autonomia para contratar pessoal e gerir recursos fora das regras do serviço público. Embora apresentada como solução de eficiência, a proposta levanta sérias preocupações quanto à transparência, à participação social e ao enfraquecimento do SUS.

A lógica é clara: o governo precariza o serviço público de forma intencional, até que ele pareça ineficiente aos olhos da população. Quando o povo já perdeu a confiança, apresenta a privatização como única saída possível. O resultado é o sofrimento dos usuários e dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS.

O que está em jogo não é um modelo de gestão. É o direito à saúde. É o direito à vida. Um governo que abandona hospitais, desmonta equipes e terceiriza responsabilidades está sabotando a saúde pública em Minas.

A saída não está na privatização. Está na valorização do SUS, na escuta dos trabalhadores e na defesa intransigente da saúde como direito e não como mercadoria.

Leia mais: Saúde em colapso: o retrato do abandono da gestão Zema em seis atos

Coragem para resistir, união pra construir!

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