Durante reunião conjunta das Comissões de Administração Pública e de Esporte, na terça-feira (04/04/23), o deputado Professor Cleiton, autor do requerimento, e outros parlamentares do Bloco Democracia e Luta debateram a gestão do Mineirão pela Minas Arena. Eles denunciaram que o estádio, maior palanque esportivo de Minas Gerais, tem virado um patrimônio privado da concessionária que o administra e se transformado em palco quase que exclusivo para shows e festas.
Na audiência, houve a convocação do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer, previsto no contrato da Parceria Público-Privada (PPP) de concessão do Estádio Governador Magalhães Pinto, com o objetivo reaproximar o futebol mineiro do estádio. Tendo em vista que o Mineirão foi palco de apenas três jogos em 2023, tal colegiado pode obrigar a concessionária a sediar 66 partidas no local por ano, no mínimo. O comitê deve fazer sua primeira reunião no dia 20/04, conforme informou o titular da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno Barros.
O órgão reúne representantes do Executivo estadual, responsável pela gestão do contrato, da concessionária, dos clubes de futebol profissional, da Federação Mineira de Futebol (FMF) e de outras entidades. Representantes das duas comissões da ALMG também deverão para participar da primeira reunião do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer.
CPI DO MINEIRÃO
Em meio ao debate sobre os prejuízos para os cofres públicos do contrato entre o Governo do Estado e a Minas Arena, deputados avançaram na busca por assinaturas para a instauração da CPI do Mineirão. De acordo com o Regimento Interno da ALMG, para a instauração da comissão, há a necessidade da adesão de um terço dos parlamentares da Casa, ou seja, 26 assinaturas.
Inaugurado em 5 de setembro de 1965, o Mineirão foi concedido à Minas Arena em 21 de dezembro de 2010, quando foi assinado o contrato, após dois anos de reforma visando à Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil e que teve Belo Horizonte como uma das sedes.
O problema afeta sobretudo o Cruzeiro, que depende do Mineirão para mandar seus jogos pelo Brasileirão, que se iniciam ainda neste mês, e vem utilizando provisoriamente o Estádio Independência. Por isso, a situação tem acirrado o ânimo dos torcedores, principalmente os cruzeirenses. Ao longo da audiência na ALMG, dezenas de integrantes das torcidas organizadas protestaram no Auditório José Alencar, sobretudo durante a apresentação do representante da Minas Arena, o diretor comercial Samuel Henrique Cornélio Lloyd.
Em comum a todas as críticas está a postura da direção da Minas Arena que está transformando o futebol, que deveria ser a regra, em exceção na agenda do Mineirão.
Professor Cleiton, torcedor cruzeirense, se manifestou sobre o tema e repercutiu a divulgação pela imprensa de que, comparando-se o calendário de competições com a agenda de shows e outros eventos no estádio, só há até o final do ano mais três datas disponíveis para a realização de partidas de futebol. O deputado também exibiu filmagem aérea mostrando o precário estado do gramado após as últimas apresentações artísticas no local.
Na reunião ele ainda completou:
“Muito antes de ser deputado, sou um usuário do Mineirão, um torcedor de arquibancada, e já senti na pele o tratamento lesivo dado por essa empresa que se vale desse contrato que em nada beneficia o povo mineiro”
Outros deputados e deputadas do Bloco Democracia e Luta também fizeram críticas a respeito da administração da concessionária, como Ricardo Campos, Andréia de Jesus e Beatriz Cerqueira, todos do PT, que exigiram a instauração da CPI. Mário Henrique Caixa (PV), vice-presidente da comissão, apesar de não estar presente também garantiu seu apoio e assinatura para dar início às investigações .