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Alunos pedem ajuda para que Fucam não seja extinta

Estudantes de oito escolas estaduais que funcionam dentro dos imóveis da Fundação Caio Martins (Fucam) manifestaram seu inconformismo com o iminente fim da instituição proposta por Zema por meio do Projeto de Lei (PL) 359/23.

Na última quinta-feira (18/05/23), a presidenta da Comissão de Educação Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputada Beatriz Cerqueira (PT), visitou o Centro Educacional da Fucam em Esmeraldas, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A presidente vem lutando contra o fim da instituição, juntamente com os parlamentares do Bloco Democracia e Luta, e alertou sobre a desativação ou incorporação das unidades de ensino presentes no terreno da Fucam, caso o projeto cruel de Zema seja concretizado. Beatriz Cerqueira advertiu: “corremos esse risco, nada está garantido”.

Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia ouve a comunidade escolar sobre a importância da Fucam
Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia ouve a comunidade escolar sobre a importância da Fucam para a região. Foto: Clarissa Barçante

Escolas estaduais têm destino incerto

Fundada em 1948, a Fundação Caio Martins possue centros educacionais em Esmeraldas (RMBH), Diamantina e Couto de Magalhães (Vale do Jequitinhonha), Riachinho (Noroeste de Minas) e outras quatro cidades do Norte de Minas: Buritizeiro, São Francisco, Januária e Juvenília. A instituição oferece educação básica e atividades de formação voltadas para a redução da pobreza no campo. Esses cursos são destinados a crianças, adolescentes e até mesmo adultos em situação de vulnerabilidade social.

Dentro dos imóveis da Fucam existem escolas estaduais que funcionam de forma semelhante, como por exemplo a Escola Estadual Santa Tereza que fica dentro do Centro Educacional da Fucam em Esmeraldas. De acordo com o diretor da instituição, ela atende hoje 120 alunos no ensino fundamental e médio. Há um curso técnico em agropecuária, com mais 27 alunos matriculados, oficinas de música e esporte que atendem mais 58 alunos, uma oficina de apicultura com 20 alunos e uma horta agroecológica que atende uma família. Uma das ex-alunas da unidade é a atual ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Segundo o PL 359/23, todos os imóveis da Fucam passarão para a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). A Secretaria de Estado de Educação (SEE) também vai absorver as competências, os servidores, os bens móveis e a gestão dos contratos sob responsabilidade da entidade.

Além disso, a proposição estabelece que os servidores poderão ser cedidos a outros órgãos do Poder Executivo. Cargos em comissão, funções gratificadas e gratificações temporárias estratégicas da instituição serão extintos, enquanto serão criados outros do mesmo tipo nas Secretarias de Estado de Educação e de Governo.

Estudantes temem extinção da Fucam

Em desabafo, Davi Tanuri de 11 anos de idade, um dos alunos da Escola Estadual Santa Tereza, que funciona dentro do Centro Educacional da Fucam em Esmeraldas, questiona:

“A gente já perdeu o acesso à água e ao peixe e, agora, vamos perder o acesso à educação?”
Comunidade escolar se manifesta sobre a importância da Fucam para a região.
Davi Tanuri protesta coontra o fim da Fucam e expõe seu medo de ter sua escola fechada. Foto: Clarissa Barçante

Davi, assim como os demais estudantes, elogiou muito a estrutura da escola em que estuda, destacando principalmente a sala de informática. Sua família vive na comunidade de Padre João, no município de Esmeraldas, e sua casa fica a 300 metros do Rio Paraopeba, que foi poluído pelo desastre da mina da Vale no município de Brumadinho. Por isso, o menino protestou também a respeito disso, já que não é possível pescar nas águas do rio. Dessa forma, o aluno mostra sua indignação com mais uma perda, se sua escola for fechada.

Leia mais sobre a estreita relação de Zema com a mineração em MG

A engenheira agrícola e professora do curso de agropecuária da Escola Estadual Santa Tereza, Gislene Aparecida dos Santos, explica que o curso abrange desde questões administrativas até o trabalho de campo. Além disso, há parcerias com granjas e também com outras instituições educacionais, o que amplia as possibilidades e perspectivas dos alunos.

Já Aline Muniz Costa tem 16 anos e cursa o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual Santa Quitéria, também em Esmeraldas. Há um ano ela fez um curso de derivados de leite na Fundação Caio Martins. Hoje produz doces e queijos a partir do que aprendeu. A garota afirma:

“Aqui é o tipo de lugar que acolhe a gente, nos sentimos em casa”

Em 2022,  Aline fez um levantamento entre colegas e 30 deles declararam interesse em fazer o curso de agropecuária na Fucam. No entanto, isso não foi possível por falta de transporte escolar. O diretor Idelino Rodrigues Pereira afirma que, se não fosse por problemas como esse, a instituição poderia aproveitar a estrutura da Fucam e atender cada vez mais alunos. 

Essas escolas estaduais que ficam localizadas em terrenos da Fundação Caio Martins atendem cerca de 2,5 mil estudantes. Apesar de o projeto de lei do governo não prever o fechamento das escolas, o temor dos alunos é que, com o fim da Fucam, essas unidades sejam incorporadas ou desativadas. Giuliane Cândido, de 18 anos, que também frequentou a Fucam protestou:

“Porque vão fechar uma escola? Não tem que fechar nada na educação. Deveriam construir e não destruir”

A possível extinção da instituição também traz preocupações para pessoas que vivem na região, como Hélia Baeça, secretária da Associação União das Oito, que abrange representantes das comunidades vizinhas da Fucam em Esmeraldas. A moradora firma que: “essas comunidades não têm os problemas de outras, e isso eu atribuo à Fucam, pelas oportunidades que ela oferece“.

A TV Assembleia acompanhou a visita e registrou depoimentos de outras pessoas que pertencem a comunidade que vive em torno da Fucam de Esmeraldas, mostrando a importante participação da fundação na vida dos que habitam a região.

Fonte: ALMG

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