Andréia de Jesus –
27 de março de 2024
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Marielle Franco, uma mulher negra que tomou frente na luta pelo direito à moradia das populações das favelas do Rio de Janeiro. Uma grande liderança silenciada, de forma vil, para facilitar o caminho criminoso de exploração das terras do Estado. Por que Marielle representava o diálogo, a resistência política organizada, a luta progressista, a via democrática e de direito.
Corajosa e firme nas suas bandeiras, Marielle foi vítima de violência política, porque combatia, com outras ativistas guerreiras, mães e chefes de família, o avanço da ocupação de grileiros, milicianos e criminosos nos morros cariocas. Sem uma presença eficaz do Estado, há muito tempo, políticos inescrupulosos e a milícia encontraram, nos morros cariocas, um espaço seguro para exploração de terras e dos moradores, realizando todo tipo de extorsão.
Agora, sem muita surpresa, constatamos que as favelas do Rio não eram dominadas por um Estado paralelo, mas sim por um Estado criminoso organizado, que servia aos mais ricos, aliado a políticos desonestos e policiais corruptos. Enfrentar esta crise de justiça, requer uma ação conjunta das instituições políticas e das forças policiais. Também representa um grande desafio para todos os governantes comprometidos com a lei e a democracia.
É necessária uma aliança entre todos os poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, para o desenvolvimento de uma política nacional de segurança pública que garanta os direitos políticos de todos os cidadãos. Para além do crime organizado, é preciso olhar para os morros do Rio e ver que ali vivem pessoas que lutam e anseiam por uma vida digna e se tornaram invisíveis por uma sociedade excludente e racista.
Está na lei! É dever do Estado a promoção da regularização fundiária, em áreas de interesse social, para assegurar às pessoas que vivem em vilas e favelas, o direito à moradia. Incluindo, também, a implantação de uma estrutura adequada de urbanização, equipamentos públicos estatais e a oferta de um mínimo de qualidade de vida aos cidadãos.
Como representante do povo negro, ainda aquilombado, nos morros próximos da zona Sul, Marielle travou uma batalha desproporcional, onde o crime e a especulação imobiliária é que estavam resguardados pelo Estado. Os irmãos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, que apostaram na crueldade e na impunidade, para intimidar nossas lutas, sejam julgados e condenados com todo rigor da lei.
Deputada estadual Andréia de Jesus ( PT- MG)
