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Parques tecnológicos estão sem investimentos para inovação em Minas

Segundo pesquisadores e especialistas, parques tecnológicos em Minas sofrem com a baixa qualidade da Educação Básica e carecem de investimentos e articulação entre universidades, estado e mercado

Minas Gerais detém apenas 3 dos 57 parques tecnológicos ativos no país, com outros 3 em estruturação, mesmo possuindo cerca de 25% das universidades do Brasil. Para solucionar esse problema, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nessa quarta-feira (23/08/23), uma audiência da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, a pedido de sua presidenta, deputada Beatriz Cerqueira (PT). A parlamentar anunciou que a comissão vai visitar os parques tecnológicos para conhecer suas instalações e realidades distintas e dar maior visibilidade à importância estratégica desses ambientes.

A reunião contou com a presença de pesquisadores que defenderam várias medidas para ampliar o número dessas unidades de inovação, como maior articulação e diálogo entre universidades, empresas e governo, mais investimentos e uma ­política pública estadual que seja permanente para o setor. Marco Aurélio Crocco, CEO do Parque Tecnológico de Belo Horizonte, o BH-TEC, destacou que a produção de conhecimento é feita pelas instituições de ensino e pesquisa, que são essenciais na estruturação desses parques.

Parques Tecnológicos precisam de investimentos e articulação

Segundo Marco Aurélio, para que Minas cresça em inovação falta uma parceria entre universidades, setor produtivo e governo para desenvolvimento de ambientes propícios à inovação tecnológica. Outra demanda apontada por ele é vencer a baixa taxa de transferência do conhecimento para gerar inovação de fato, ou seja, para que a pesquisa gere produtos e resultados concretos.

A fim de exemplificar, o CEO da BH-TEC disse que a UFMG nos últimos 10 anos se destacou pelo menos sete vezes como a maior patenteadora do país, mas com taxa de transferência de conhecimento de 20%, considerada baixa. Enquanto isso, a Unicamp, em São Paulo, apresenta uma taxa de 45%, e a USP, de 28%.

Marco Aurélio também relatou que parques como o que dirige e o de Viçosa estão com 100% de ocupação. Ele frisou, por outro lado, que a Fapemig, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, não pode destinar recursos para obras de infraestrutura física e que editais para pesquisas e inovação no País estariam aquém da necessidade para ampliar os trabalhos desenvolvidos nessas unidades.

Adriana Ferreira, presidente da Rede Mineira de Inovação (RMI), destacou que os parques tecnológicos são mecanismos de desenvolvimento econômico e social, além de gerar empregos de qualidade e inovação. Os 57 parques do País geram, conforme Adriana Ferreira, mais de 40 mil desses empregos.

Qualidade da Educação Básica é obstáculo para inovação no estado

A presidente da RMI também defendeu que uma política pública de ciência, tecnologia e inovação seja de estado e pontuou a importância de incluir, principalmente, a educação básica. De acordo com a pesquisadora, isso é de extrema importância pois as dificuldades enfrentadas pelos parques tecnológicos têm origem no ensino básico, que não possui recursos e meios para levar alunos para as áreas tecnológicas. Ela alertou: “É o chamado funil de inovação, que no caso está ocorrendo porque a qualidade na educação está caindo”.

Desde 2019, ano em que Romeu Zema assumiu o governo de Minas Gerais, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), calculado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), não cresce, estando sempre bem abaixo do número projetado. Além disso, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica do estado, somente 45% dos alunos matriculados em Minas terminam o Ensino Fundamental com aprendizagem adequada em Língua Portuguesa. Em matemática o valor cai para 29%. Já no Ensino Médio os números são ainda menores, 41% em Língua Portuguesa e 13% em Matemática.

Os índices específicos da rede estadual são mais alarmantes, sendo 39% (Língua Portuguesa) e 23% (Matemática) nos anos finais do Ensino Fundamental e 36% (Língua Portuguesa) e 7% (Matemática) no Médio. A qualidade da educação básica em Minas é reflexo de medidas e negligências do Executivo que não valoriza os profissionais da área e quer o fim de instituições importantes para a população, como a Fucam.

Leia mais: Zema é inimigo da Educação em Minas

A deputada Beatriz Cerqueira também disse que a audiência mostrou a necessidade de Minas ter uma agenda de educação básica voltada para a ciência e acrescentou que a comissão deverá retomar um fórum de ciência e inovação para discussões sobre o tema em várias regiões do Estado.

Coragem para resistir, união pra construir!

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