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Minas paga o pior salário do Brasil aos servidores do meio ambiente

Sindicato dos Servidores dos Servidores Públicos do Meio Ambiente (Sindsema) denunciam os baixos salários e o não cumprimento pelo Governo de Minas do acordo homologado pelo Judiciário, que altera critérios de progressão e promoção, além de acabar com fator redutor de gratificação.

O assunto foi debatido na reunião da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na última sexta-feira (07\07\23), quando parlamentares do Bloco Democracia e Luta se reuniram com representantes do Sindsema e com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), para apurar sobre a reestruturação dos servidores estaduais da área de meio ambiente.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) e as deputadas Lohanna (PV) e Bella Gonçalves (Psol) manifestaram apoio às cobranças dos servidores e defenderam a obstrução das votações em Plenário a partir de agosto, na retomada dos trabalhos parlamentares, caso o governo Zema não envie o projeto com o novo plano de carreiras.

Doutor Jean Freire afirmou:

“Se o governo não sabe dialogar, é assim que temos que agir”

A audiência foi solicitada por meio de requerimento de 12 deputados e deputadas do Bloco Democracia e Luta: Doutor Jean Freire (PT); Ana Paula Siqueira (REDE); Betão (PT); Celinho Sintrocel (PCdoB); Cristiano Silveira (PT); Leleco Pimentel (PT); Leninha (PT); Lohanna (PV); Lucas Lasmar (REDE); Luizinho (PT); Macaé Evaristo (PT); Marquinho Lemos (PT); Professor Cleiton (PV) e Ricardo Campos (PT).

Em dezembro de 2016, o Poder Judiciário homologou um acordo do governo com os servidores do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), para dar fim à paralisação da categoria. Ficaram pactuados a alteração dos critérios para progressão e promoção das carreiras e o fim do fator redutor de gratificação salarial. De acordo com o Sindsema, os salários dos servidores do meio ambiente em Minas figuram entre os mais baixos do país. A categoria também cobra melhores condições de trabalho.

Após sete anos, os termos acordados ainda não foram completamente cumpridos. O fator redutor da Gratificação de Escolaridade, Desempenho e Produtividade Individual e Institucional (Gedama) foi extinto ao longo de 2022, restando ainda a discussão sobre as carreiras. Sobre esse tópico, o governo Zema alega que depende de estudos de viabilidade, devido à preocupante situação fiscal do Estado, cuja dívida chega aos R$ 160 bilhões.

Comissão de Participação Popular debate, a pedido do Sindicato dos Servidores Públicos do Meio Ambiente - Sindsema -, com a Secretária de Planejamento e Gestão a reestruturação das carreiras dos servidores do meio ambiente, conforme acordo homologado pelo Poder Judiciário.
Comissão de Participação Popular debate sobre a reestruturação das carreiras do meio ambiente.
Foto: Ricardo Barbosa

Para Zema e seus amigos: aumentos salariais e isenções;
Para os servidores de Minas: sucateamento e abandono

A desculpa dada pelo Estado foi que a reestruturação das carreiras do meio ambiente esbarra nos limites com gasto de pessoal firmados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Porém, segundo o advogado do Sindsema, Joelson Dias, a declaração foi refutada pelo próprio governo em sua manifestação na Justiça, quando foi informado que ainda não havia sido atingido o limite prudencial.

Leia mais: RRF, regime que abre caminho para falência de Minas Gerais

Joelson Dias também destacou as incoerências do Executivo. Ao mesmo tempo que Zema obstrui medidas que visam garantir os direitos dos servidores e melhorar as condições de trabalho, ele aumenta o próprio salário em 300% e concede regalias para apoiadores. 

Leia mais: os benefícios e descontos bilionários que Zema quer conceder para o dono da Localiza

Sindicato exige reconhecimento e valorização 

A presidente do Sindsema, Regina Márcia Assunção, pontuou que o atual plano de carreiras do meio ambiente é repleto de travas. Para chegar ao topo, seriam necessários 46 anos. Além disso, ainda de acordo com a sindicalista, Minas paga o pior salário do Brasil aos servidores do setor. Já o novo plano desenvolvido abrange não só a revisão salarial, como também o fortalecimento das políticas ambientais

Além disso, levantamento do Sindsema mostra que o impacto financeiro do reajuste e dos novos critérios para progressão e promoção pactuados é de R$ 92 milhões. Enquanto isso, a Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) arrecadou, com o trabalho desses profissionais, mais de R$ 1 bilhão em 2022.

Regina Assunção ainda defendeu a inclusão das atividades do meio ambiente naquelas consideradas essenciais no Estado. Isso porque, de acordo com ela, sempre que o Executivo tem uma folga e sai dos limites de gasto com pessoal, são as carreiras da educação, segurança pública e saúde aquelas que precisam negociar e brigar por seus direitos. 

Leia mais: Executivo é contra reivindicações dos servidores da segurança pública, da saúde e da educação.

Oposição promete obstruir votações em nome dos servidores

Segundo Bella Gonçalves, não é possível proteger o meio ambiente sem a valorização dos servidores públicos. Já Lohanna apontou o contraditório o aumento de quase 300% para o governador, enquanto o Executivo endurece as negociações relativas aos direitos dos servidores.

Fonte: ALMG

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