Além do reajuste salarial, outras demandas da categoria foram apresentadas durante audiência pública na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia

Uma grande mobilização tomou conta de Belo Horizonte nesta terça-feira (8/4/25). Com paralisação total das atividades nas Escolas, Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e Órgão Central, profissionais da educação realizaram uma passeata pelas ruas da capital mineira até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde participaram de audiência pública na Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. A reunião foi solicitada pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), presidenta do colegiado.
O ato organizado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-MG) marcou o Dia Estadual de Luta pela Educação e o lançamento da campanha salarial de 2025 da categoria.
A manifestação contou com a presença de representantes dos oito setores da educação básica, com o objetivo de reivindicar melhores salários e condições de trabalho, além de se posicionar contra a precarização, privatização e terceirização das escolas públicas pelo governo de Romeu Zema (Novo).
A principal demanda dos servidores é clara e justa: o pagamento integral do piso nacional do magistério para todas as categorias, reajustado em 6,27% em 2025 pelo presidente Lula. Já o percentual proposto por Zema é de apenas 5,26%, o que evidencia a desvalorização da categoria.
O sindicato cobrou do governo a recomposição de todo o histórico do piso nacional, atualmente fixado em R$ 4.867 para uma jornada de até 40 horas semanais, enquanto em Minas o valor é de R$ 2.384 para uma carga semanal de 24 horas. Como desculpa para o descumprimento do piso, o governador alega o critério de proporcionalidade da jornada, justificativa rechaçada pela categoria.
As demandas não param por aí. Os servidores também exigem:
- Fim do desconto previdenciário para aposentados até o teto do INSS;
- Pagamento de adicional de insalubridade para os auxiliares de serviços da educação básica (ASBs);
- Nomeação de concursados e abertura de novos concursos públicos.
Porém, as reivindicações esbarram em um grande obstáculo – o governador Romeu Zema, que se consolida como o inimigo da educação pública mineira.
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Zema X Educação
Durante o trajeto da Praça Raul Soares até a ALMG, as críticas foram duras e diretas, resumindo o sentimento de revolta diante do descaso com o setor educacional e da ausência de diálogo com os profissionais da educação por parte do governo. “É um governador fora da lei, que não cumpre a legislação do Piso Salarial Nacional, não valoriza e não respeita os trabalhadores e trabalhadoras, nem a escola pública”, afirmou Marcelle Amador, diretora de Comunicação do Sind-UTE/MG.
Enquanto Auxiliares de Serviços Gerais da Educação Básica (ASBs) recebem menos que um salário mínimo e professores lutam por dignidade, Zema aumenta seu próprio salário em 300%, favorece grandes empresários com incentivos fiscais e fecha os olhos para as demandas básicas da educação. O piso como um direito garantido por lei representa o mínimo que deve ser pago aos professores. Essa postura desigual agrava a precarização do ensino e compromete o futuro da sociedade mineira.
Para Marilda Araújo, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, não existe uma vontade política por parte do governo do Estado em pagar o piso. Segundo ela, em Minas os professores recebem um dos piores salários do país e a lei federal do piso estabelece o salário base para todas as cargas horárias incluídas em no máximo 40 horas semanais, o que englobaria o regime estadual.
Já a diretora do Sind-UTE/MG, Victoria Mello, sintetizou o projeto político de Zema. “O projeto do governador é a completa desintegração do serviço público, o desmantelamento da prestação de serviços à população e a privatização das estatais”, afirmou.
A deputada Beatriz Cerqueira reforçou o compromisso com a luta dos servidores e denunciou o veto de Zema à emenda orçamentária que destinaria o saldo remanescente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para o rateio entre os trabalhadores da educação.
“O governo não vencerá a categoria. A vitória dessa campanha salarial será a valorização da educação, que é um direito de todo o povo mineiro.”

Deputada Estadual Beatriz Cerqueira (PT)
O deputado Leleco Pimentel (PT), que também participou da audiência pública, lembrou a situação dos ASBs, responsáveis por serviços como a limpeza das escolas, o preparo de refeições e pequenos reparos, que estão recebendo menos que o salário mínimo. Ele tachou o governador de cruel e covarde.
“A aberração deste governo Zema é que ele finge lavar pratos enquanto deixa a roubalheira acontecer dentro do seu governo. Zema é misógino, covarde, cruel e é um governador de joelhos para os donos do capital.”

Deputado estadual Leleco Pimentel (PT)