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Escala 6×1: Deputados da oposição em Minas e movimentos sociais defendem fim da jornada abusiva

Seminários em Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro estão entre as estratégias para ampliar o Movimento Vida Além do Trabalho.

Deputados da oposição e movimentos sociais defendem fim da escala 6x1
Foto: Daniel Protzner / ALMG

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, na última sexta-feira (13/12/24), uma audiência pública para debater os benefícios sociais da redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1, proposta que integra a PEC apresentada pela deputada federal Érica Hilton (Psol-SP). O evento reuniu trabalhadores, parlamentares e especialistas, destacando a urgência de melhorar as condições laborais no Brasil.

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A audiência foi fruto de um requerimento apresentado pelas deputadas do bloco Democracia e Luta, Bella Gonçalves (Psol), Lohanna (PV) e Beatriz Cerqueira (PT), além do deputado Betão (PT), que preside a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social. Durante a reunião, os parlamentares destacaram a importância de enfrentar as condições abusivas de trabalho no país. Betão enfatizou que, além das jornadas excessivas, o tempo gasto no transporte também penaliza os trabalhadores. “Você leva duas horas para ir ao trabalho e duas horas para voltar, dependendo de onde mora”, afirmou o deputado.

Bella Gonçalves elogiou a atuação de Rick Azevedo, coordenador do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), e afirmou que pretende propor a ele o título de Cidadão Honorário de Minas Gerais como reconhecimento pelo trabalho em defesa da classe trabalhadora. Lohanna e Beatriz Cerqueira reforçaram a necessidade de ampliar a mobilização e destacar os impactos sociais positivos da redução da jornada.

Rick Azevedo, que também é vereador eleito pelo Rio de Janeiro (RJ), lembrou que o Movimento Vida Além do Trabalho surgiu de um vídeo viral que publicou em setembro de 2023 e destacou que muitos trabalhadores enfrentam escalas ainda mais abusivas, com jornadas de até 15 dias seguidos sem folga. “A gente está falando de um modelo de trabalho escravocrata. É um país que se recusa a romper com o período mais obscuro de sua história”, afirmou.

O presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região, João Pedro Periard, corroborou as denúncias de Rick Azevedo. “Os shoppings funcionam de 10h às 22h, e eles já querem abrir de 9h às 23h. Tem gente que vai trabalhar 10, 12 horas”, disse o sindicalista. Ele apontou ainda que as más condições de trabalho têm levado muitos jovens a abandonarem seus empregos: “Hoje eu assinei 30 abandonos de emprego. Não aguenta e vai embora. Não é que ele não quer trabalhar. O jovem quer trabalhar, mas ele quer viver.”

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), coautor da PEC elaborada por Érica Hilton, destacou que eventos serão realizados em 2025 em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e outros estados para manter a pauta da redução da jornada de trabalho em evidência. Ele alertou sobre a necessidade de mobilização para que a proposta não seja esquecida.

Durante a audiência, o economista Diogo Santos, pesquisador no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), desmontou argumentos contrários à redução da jornada. Ele explicou que, enquanto o Brasil mantém uma jornada de 44 horas semanais, a maioria dos países já reduziu para 40 horas ou menos. Segundo ele, estudos mostram que jornadas longas resultam em queda de produtividade, e os custos de uma transição inicial seriam temporários.

Lucas Cristian de Oliveira, integrante do Movimento Vida Além do Trabalho, citou que a escala de quatro dias de trabalho e três folgas semanais será adotada em Tóquio, no Japão, a partir de abril de 2025, como uma forma de fortalecer a vida familiar. “O nome dessa PEC não é PEC contra escala 6×1, é a PEC da família. A gente não quer trabalhar menos, a gente quer trabalhar melhor”, afirmou.

Ele também criticou líderes políticos que alegam defender a família, mas se opõem à melhoria das condições de vida da classe trabalhadora. “Temos a obrigação de desmascarar esse discurso falacioso, imoral, que não defende a vida. Defendem as famílias: as próprias e as de mais ninguém”, concluiu.

Coragem para resistir, união pra construir!

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